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Erros de compliance que a Reforma vai punir mais forte

Erros de compliance que a Reforma vai punir mais forte

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A transição para o regime da CBS/IBS já não é mais uma hipótese: é a nova base tributária que todas as empresas deverão dominar.

Para quem já lida com volume, fluxo fiscal complexo e múltiplos sistemas de dados, o real inimigo não será o tributo: será a fragilidade da governança fiscal e da qualidade dos dados.

Neste contexto, erros de compliance que antes passavam ou eram corrigíveis, serão agora escaláveis e cruéis: rejeições, glosas de crédito, inconsistências em SPED, autuações e danos à reputação.

A seguir, os principais erros que a reforma vai punir com mais rigor, o porquê dessa gravidade e o que deve ser feito já.

1. Subestimar a qualidade e rastreabilidade dos dados fiscais

Por que esse será o mais crítico

Sob o regime atual, muitas empresas ainda operam com cadastros incompletos, notas complementares inseridas “na mão”, chaves de acesso perdidas, XMLs não baixados ou notas de terceiros registradas fora de sistema.

Com a CBS/IBS, cada operação, cada documento fiscal, cada crédito vai depender de:

  • preenchimento correto,
  • cruzamento de dados robusto,
  • rastreamento desde a emissão até a escrituração.

Quando a fiscalização migrar para apurações assistidas e cruzamentos automáticos, qualquer falha de origem se transforma em risco de multa, glosa, ou rejeição.

Erros comuns

  • cadastros de produtos/serviços desatualizados ou inconsistentes (NCM, CST, descrição genérica, classificador fiscal errado);
  • uso de notas manuais, fora do ERP, sem integração clara;
  • perda ou falha no arquivamento de XMLs de terceiros;
  • ausência de reconciliação entre XML, ERP, estoque e escrituração.

Impacto provável

Empresas que hoje “recolhem os dados” vão, em 2026, precisar provar a origem e a validade de cada operação. A falta de rastreabilidade significa risco de crédito glosado, autuação retroativa ou até rejeição da escrituração.

2. Misturar regimes tributários sem controle claro

O desafio do ambiente híbrido

De 2026 em diante, haverá um longo período de coexistência entre o modelo antigo e o novo: tributos tradicionais, apurações antigas, créditos anteriores — tudo isso ao lado da CBS/IBS.

Essa convivência exige:

  • controles de regime por operação,
  • escrituração distinta por fonte tributária,
  • cruzamentos consistentes entre regimes para evitar créditos inflados ou débitos subestimados.

Onde a maioria tropeça

  • uso da mesma classificação tributária para produtos/serviços antigos e novos;
  • falta de segregação clara de entradas/saídas conforme o regime aplicável;
  • escrituração única sem distinção de regime para todas as operações.

Consequência

Se os regimes se misturam sem critério, a empresa criará “áreas cinzentas” fiscais — créditos indevidos, débitos subapurados, divergência de SPED e risco de penalidade grave quando o cruzamento automático estiver de pé.

3. Contar com processos manuais ou auditorias pontuais

O erro de pensar que “vai dar tempo de corrigir”

Em um ambiente de alto volume, com novas regras, campos obrigatórios e cruzamentos automáticos, o modelo ideal de compliance é contínuo.

Auditorias anuais ou revisões trimestrais serão insuficientes.

Cenários de falha

  • notas geradas fora do ERP ou com input manual introduzem erro humano;
  • conferência manual de XMLs ou parâmetros tributários falha em momentos de pico de movimento;
  • relatos de “ok” genérico sem rastreabilidade estruturada.

O que muda em 2026

Cada erro humano, cada digitação equivocada será exposto automaticamente em sistemas de fiscalização, deixando as empresas vulneráveis não apenas a autuações, mas a retrabalho massivo, glosa de créditos e riscos operacionais.

4. Falta de integração entre fiscal, financeiro e operação

Por que a separação de áreas será insustentável

Com a CBS/IBS o impacto tributário e o impacto de fluxo de caixa passam a caminhar juntos. Uma nota fiscal com tributação diferente ou nova classificação pode afetar:

  • apuração de crédito/débito,
  • fluxo financeiro (retenções, compensações, crédito tributário),
  • preço de venda,
  • custo e margem.

Se fiscal, financeiro e operação não estiverem integrados, a empresa vai sofrer com desalinhamentos dolorosos.

Exemplos de falhas

  • classificação tributária divergente entre o pedido de venda e o financeiro;
  • notas emitidas com CST antigo mas lançadas com lógica nova;
  • créditos tributários provisionados sem controle de cruzamento com SPED e fluxo de caixa;
  • atraso na conciliação fiscal e financeira.

Risco real

Falha de integração = dados inconsistentes = apuração errada + risco de glosa + desequilíbrio de caixa. Para médias e grandes empresas, isso pode se converter em contingência fiscal ou impacto direto na liquidez.

5. Subestimar o novo grau de vigilância das autoridades

O que muda no perfil de fiscalização

Com a Reforma, espera-se que:

  • sistemas de cruzamento automático e big data sejam usados com mais frequência;
  • rejeições de notas por layout incorreto (ex: campos obrigatórios de CBS/IBS ausentes) se tornem regra;
  • auditorias e autuações fiscais sejam iniciadas com base em inconsistências de cadastro, classificação ou dados estruturais — não mais apenas focadas em valores.

Erro estratégico

Ignorar esse novo perfil de fiscalização, crer que “vai dar tempo de corrigir depois”, ou manter complacência no compliance, é deixar a empresa vulnerável.

O que muda

O valor da autuação não será o principal problema: será o custo do retrabalho, a perda de créditos acumulados e o risco à reputação da empresa. Para contadores e gestores fiscais, a exigência será clara: compliance permanente e dados impecáveis.

6. Como evitar as armadilhas: um plano de compliance reforçado

Para se preparar de forma concreta e realista, vale adotar algumas práticas estruturantes:

6.1. Padronização e controle de cadastros

Revisar toda a base de produtos e serviços, padronizar NCM, CST e classificações tributárias, garantir uniformidade entre sistemas, eliminar dados redundantes ou inconsistentes.

6.2. Automação fiscal e auditoria contínua

Implementar rotinas automáticas para:

  • emissão fiscal,
  • validação de XML,
  • conferência de CST/NCM,
  • cruzamento com estoque e contabilidade,
  • auditoria pré-entrega de obrigações,
  • monitoramento permanente de inconsistências.

6.3. Integração entre fiscal, financeiro e operação

Garantir que:

  • todos os departamentos falem a mesma “linguagem tributária”,
  • os lançamentos contábeis e financeiros sejam sincronizados com a emissão fiscal,
  • o fluxo de caixa reflita corretamente créditos/débitos tributários.

6.4. Treinamento e governança fiscal

Capacitar equipes fiscais e contábeis, definir responsáveis claros por classificação, emissão, revisão e auditoria. Formalizar políticas internas para emissão, revisão e aprovação de documentos fiscais.

6.5. Monitoramento de riscos e preparo para auditoria

Criar rotina de monitoramento das notas rejeitadas, divergências em cadastros, documentos emitidos fora do padrão, XMLs faltantes ou inconsistentes — com plano de ação imediato para correção.

7. O papel da Auditto: montar a governança fiscal antes da crise

Para quem enxerga a transição como oportunidade, não como problema, a fragilidade de compliance é o grande “buraco de segurança” da Reforma.

A Auditto combina automação fiscal, rastreabilidade, auditoria contínua e integração entre fiscal, contábil e financeiro. Com isso:

  • reduz a chance de rejeição ou autuação,
  • dá visibilidade real sobre créditos, débitos e obrigações,
  • assegura consistência entre nota, estoque, SPED e apuração,
  • mantém a operação alinhada com a realidade jurídica.

Para empresas medianas ou grandes, que precisam navegar 2026 com segurança, esse tipo de governança deixa de ser diferencial e vira pré-requisito de sobrevivência.


A CBS/IBS não será uma provocação dura à qualidade de dados, à consistência de processos e à governança interna.

Erros de compliance que antes eram corrigíveis ou ignorados serão tratados com rigidez. O risco não será apenas financeiro, mas operacional, contábil e reputacional.

Empresas e escritórios que hoje fortalecem controles, automação e governança estarão à frente. As demais correrão para apagar incêndios com custo alto e riscos estruturais.

Para quem quer se preparar de fato, agir com antecipação e construir bases sólidas, essa transição pode representar não um problema, mas um salto de maturidade fiscal.

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